ESCREVIVÊNCIAS DE MERENDEIRAS:

UMA ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE BRANQUITUDE E NEGRITUDE NO ESPAÇO ESCOLAR

Resumo

Este estudo, ainda em andamento, investiga como os discursos de merendeiras de escolas públicas revelam, tensionam ou contestam a hegemonia da branquitude e o silenciamento da negritude no espaço escolar. A pesquisa ancora-se na Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989; 2001), compreendendo a linguagem como prática social, e dialoga com o conceito de escrevivências (EVARISTO, 2008; 2020), que reconhece as narrativas de mulheres negras como produções de conhecimento e resistência. O objeto da pesquisa são os discursos produzidos por merendeiras que atuam na rede pública de ensino, sujeitos historicamente invisibilizados nas relações escolares e acadêmicas. A problemática central consiste em compreender de que modo essas narrativas expressam identidades racializadas e produzem representações sobre a branquitude e a negritude no cotidiano da escola. A metodologia articula entrevistas semiestruturadas e oficinas de escrevivências, compondo um corpus analisado sob os níveis textual, de evento social e de estrutura social propostos pela ACD. Espera-se, com esta investigação, contribuir para a reflexão sobre o racismo estrutural nas instituições de ensino e para a valorização das escrevivências como prática discursiva emancipatória e epistemologia de resistência negra.