Relação ancestral e contemporânea dos Inỹ-Karajá de Aruanã-GO com o Cerrado e o Rio Araguaia: saberes tradicionais e preservação ambiental

Autores

  • Luciene da Silva Noleto Autor
  • Valéria Gobbo Sousa Autor
  • Damiana Antonia Coelho UEG Autor

Palavras-chave:

Povos indígenas; Saberes tradicionais; Sustentabilidade ambiental.

Resumo

O presente estudo busca compreender a relação ancestral e contemporânea do povo Inỹ-Karajá, localizado em Aruanã-GO, com o Cerrado e o Rio Araguaia, destacando como seus saberes tradicionais e práticas culturais contribuem para a preservação ambiental e a sustentabilidade dos recursos naturais. A pesquisa parte da problemática: de que maneira os saberes ancestrais dos Inỹ-Karajá podem subsidiar políticas públicas voltadas à proteção do Cerrado e do Rio Araguaia? O interesse surgiu no contexto das ações do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto Interdisciplinar “A relevância da Literatura Indígena na formação inicial docente”, desenvolvido no Colégio Estadual Georgina Rodrigues Coelho (Guaraíta-GO), que proporcionou o contato com obras de autores indígenas e suas cosmovisões sobre natureza e território. A visita técnica às aldeias Buridina e Bdèbure, em Aruanã, intensificou a compreensão sobre a relação simbólica, espiritual e material dos Inỹ-Karajá com o Cerrado. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter etnográfico, fundamentada na observação direta e em entrevistas semiestruturadas com líderes, anciãos e demais membros da comunidade. A coleta de dados contemplará aspectos ligados ao manejo de recursos naturais, práticas tradicionais de pesca, agricultura e uso de plantas medicinais, bem como as dimensões simbólicas e espirituais da relação com o território. Os dados serão tratados por meio da análise de conteúdo temática, visando identificar significados e padrões que revelem como os saberes ancestrais sustentam práticas ecológicas e sociais de resistência. O estudo segue os princípios éticos de pesquisas com povos indígenas. Os resultados preliminares apontam que o território Inỹ-Karajá constitui-se como espaço material e simbólico de vida, memória e identidade, onde natureza e cultura são indissociáveis. As práticas de manejo sustentável, como a pesca artesanal, o cultivo em pequenas roças e o uso equilibrado dos recursos do Cerrado, revelam uma ética ecológica baseada na reciprocidade e no respeito à natureza. A desterritorialização provocada pela especulação imobiliária, pela pecuária e pelo turismo ameaça diretamente essas práticas, gerando impactos culturais, espirituais e ambientais. Ainda assim, observa-se a resistência e a reinvenção dos modos de vida Karajá, que integram saberes tradicionais e estratégias contemporâneas de sustentabilidade.

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Publicado

2025-11-24