A GEOPOLÍTICA MILITAR NO CONTEXTO DA DITADURA BRASILEIRA (1964-1985): UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO DA REVISTA A DEFESA NACIONAL

Autores

  • THAIS BORBA DE MOURA Universidade Estadual de Goiás image/svg+xml Autor
  • Marco Tulio Martins Autor

Resumo

A presente pesquisa busca compreender como a Revista A Defesa Nacional (ADN), entre 1964 e 1985, expressou e consolidou a geopolítica militar brasileira no contexto da ditadura militar. parte-se do pressuposto de que, nesse período, a revista foi um instrumento de legitimação ideológica e doutrinária das Forças Armadas, articulando o pensamento geopolítico ao projeto de Estado autoritário. A análise dialoga com autores como Costa (1992), Becker (1983) e Carvalho (2005), que destacam a relação entre território, poder e Estado, bem como o papel das instituições militares na formulação de estratégias nacionais. A pesquisa é de caráter qualitativo e documental, baseada na análise de conteúdo de artigos publicados na Revista A Defesa Nacional entre 1964 e 1985. O corpus textual foi constituído por textos que tratam diretamente de temas geopolíticos, estratégicos e militares, como Expansionismo Meridional Luso-Brasileiro (1964), O Brasil e a Guerra Fria (1964), Estratégia Militar Contemporânea (1985) e Geopolítica – Geoestratégia – Relações Internacionais (1985). A leitura comparativa permitiu identificar continuidades e transformações do pensamento geopolítico, articulando-o às transformações políticas do regime. Nos anos 1960, os textos destacavam a defesa hemisférica e o anticomunismo, interpretando a Revolução de 1964 como ato de “salvação nacional”. Obras como O Brasil e a Guerra Fria e As Relações Públicas e as Forças Armadas destacam a tentativa de legitimar a intervenção militar e aproximar a instituição do povo por meio da propaganda e da disciplina moral. Nos anos 1970 e 1980, observa-se a incorporação de uma linguagem mais técnica e científica. Artigos como Estratégia Militar Contemporânea e Geopolítica – Geoestratégia – Relações Internacionais expressam a transição do discurso ideológico para a racionalização tecnocrática da defesa, aliando território, ciência e soberania. A revista também passou a adotar a perspectiva da “integração nacional” e da “ocupação da Amazônia”, reafirmando o espaço geográfico como fundamento do poder estatal. Entre 1964 e 1985, a Revista A Defesa Nacional funcionou como veículo de formação e difusão da geopolítica militar brasileira. Seu conteúdo apresenta a evolução do pensamento estratégico das Forças Armadas, que passa do combate ao inimigo interno à formulação de um projeto de poder regional e global.

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Publicado

2025-11-24