DA “ESSÊNCIA” A “APARÊNCIA” OS SIGNIFICADOS URBANOS DO RIO mEIA PONTE EM GOIÂNIA
Resumo
A leitura da cidade se faz a partir dela mesma, ela se mostra e se dá a conhecer por meio de imagens e signos mediadores de seu próprio conhecimento. A natureza inserida na cidade também se faz representar como no caso dos rios urbanos, elementos topográficos de forte influência espacial no território. Este artigo pretende refletir sobre os rios urbanos degradados a partir das imagens e significados, sobretudo os significados coletivos reproduzidos pela mídia jornalística e bibliográfica sobre a condição dos cursos d’água aplicada ao caso do rio Meia Ponte em Goiânia, Goiás. A situação precária do rio e suas margens revelam atualmente, uma “aparência” cuja realidade omite uma importância histórica e ainda dependência aquífera da cidade. Essa evolução negativa das orlas aquáticas pela ocupação irregular do rio e sua condição degradada classifica a áreas lindeiras ao rio como espaços residuais. Ambientes que sofreram a perda de identidade com usos e significados sedimentados pela ação de impactos ambientais. São cicatrizes no tecido urbano cujo desenvolvimento ocorreu ainda que no passado os projetos de Attílio Corrêa Lima e posteriormente de Armando Godói previa uma generosa malha verde articulada à vida urbana. De uma maneira especial ambos trataram claramente da preservação das áreas ao redor dos córregos e rio, unindo o verde as áreas de recreação, uma “essência” projetual de que cidade/rio poderiam conviver harmoniosamente. Tais indagações instigam a necessidade de compreender a dinâmica urbana que gerou a atual condição do rio pela análise de suas representações. Esse questionamento é uma das maneiras de compreender porque Goiânia é indiferente a situação do rio Meia Ponte, mesmo esse tendo constituído como o berço para o seu nascimento.